UM PUNHADO DE AFETO


É engraçado ver a certeza se esvaindo. Engraçado não.... É intrigante. Num determinado momento você tem certeza de que gosta de uma pessoa e depois, quando não houve reciprocidade, você fica com aquele punhado de afeto nas mãos sem saber exatamente o que fazer.

"Eu vou descentralizar meus sentimentos" - pensei. “Será que existe a pessoa certa ou a pessoa errada?” - não sei. Outro dia escutei uma frase interessante: “se para a pessoa errada você é incrível, imagine para a pessoa certa?”

Pensando bem, talvez exista a pessoa certa. E também a errada. Mas não adianta agirmos como se fôssemos máquinas e tivéssemos um botão na testa que informasse esse código.. É preciso estar frente a frente até mesmo com aquilo que nos decepciona. É preciso, também, abraçar e acolher nossas vulnerabilidades, medos, receios, rejeições. 

Eu decidi, então, que aquele punhado de afeto vai voltar para mim. Irei engoli-lo como se faz com um pedaço de comida quando se está com muita fome.

Vou deglutir, saborear, me lambuzar, sentir o gosto que ele tem. Entender por que para alguém esse afeto pareceu ser tão amargo, tão azedo e digno de rejeição. De repente, para outra pessoa, esse mesmo afeto seja a água que matará sua sede.... E a gente sempre tem sede! Hoje não tenho mais certeza de nada, mas um dia saberei.

Por enquanto, deixarei o afeto guardadinho em mim. O alimentarei, o regarei, o deixarei florescer e me nutrir de autoamor. Não tenho nada a perder. 

Descentralizar sentimentos também me parece uma boa opção. O amor pode ser bom quando é repartido. Existem muitas formas de amar. A gente se limita tanto, né?

Sâmara Azevedo®

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