AO MEU DETRATOR


peguei minhas dores do passado,

e diluí como quem faz um café fraco,

bebi o amargo jurando a mim mesma,

que no passado eu deixaria a aspereza

e a partir de então minhas decisões,

sairiam do buraco.


a alma extravasa e o corpo duvida,

pois é difícil transmutar a dor de outrora,

nas entranhas que estão cheias de remendos,

a gente segue suturando e contendo,

porque a vida é agora.


ao tomar as rédeas da minha vida,

não encontro espaço para o fútil,

porque o ninho que um dia esteve vazio,

está repleto da justiça que surgiu,

e lutar contra isso é inútil.


frustração, amargura e revolta,

são ingredientes que os fazem engasgar,

a inveja é a armadura do detrator,

e para além dessa couraça eu vou,

observando sua própria mentira te envenenar.


sua força não pode com a minha,

eu sou infinitamente perspicaz 

você sugava as chances de eu ser feliz,

se deleitava com as derrotas que me rondavam,

regozijava a com as patologias que me arrebatavam

até o dia em que eu quis.


quando a gente descobre o que nos mata,

surge diante de nós a verdade,

descobri que vivia com um agourento,

mas a liberdade tem gosto de vento,

e de pé, te digo, sem maldade:


não me verás de rastro, nem me verás na lama

me verás alcançando o infinito

conquistando o que há de mais bonito

transformando teu fel em minha chama.


Sâmara Azevedo®

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